Progressão de carreira

Progressão de carreira

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Venho refletindo sobre nossa forma linear de pensar e planejar nossa carreira, algumas vezes pensada para atingirmos certos salários, talvez pelo desafio de chegar em certas posições ou talvez pela segurança e estabilidade. Esse texto se dedica a refletir um pouco sobre os desafios e dores de “chegar lá”.
Date
May 23, 2022
Category
Tech
Carreiras
Property
 
Venho refletindo sobre nossa forma linear de pensar e planejar nossa carreira, algumas vezes pensada para atingirmos certos salários, talvez pelo desafio de chegar em certas posições ou talvez pela segurança e estabilidade. Esse texto se dedica a refletir um pouco sobre os desafios e dores de “chegar lá”.

O modelo que conhecemos

Hoje temos uma infinidade de títulos, como por exemplo: junior, pleno, senior, lead, head e etc — não necessariamente nessa ordem. Cada empresa em seu contexto tem a sua própria metodologia de progressão de carreira, tentando criar uma relação justa entre responsabilidades, salário e desafios, o famoso “career path’’.
No geral os planos de progressão de carreira, pelo menos os que eu conheço e tive acesso, seguem mais ou menos a mesma lógica, onde para cada nível são dados certos desafios e responsabilidades, que aumentam gradativamente.
Isso me lembra muito a jornada acadêmica, que resumidamente são: primário, ensino básico, ensino fundamental, ensino médio, superior, pós-graduação, mestrado e doutorado.
Cadeiras que são conquistadas com muito esforço e dedicação, cada um em seu contexto, alguns conseguem fazer carreira em uma única empresa, outros acabam buscando promoção em outras empresas, o que é algo bem comum no mercado de tecnologia e outros optam por empreender.
Essa forma de progressão de carreira funciona bem, logo praticamos ela há anos. Hoje facilmente você consegue encontrar modelos bem legais na internet. Tive a oportunidade de ajudar a criar modelos para algumas empresas que trabalhei, vou deixar no final do post um modelo que criei, confesso não ser tão elaborado como os encontramos na internet, mas me ajudou muito em meus 1:1s e entrevistas que fiz na Quanto em 2020.

Linearidade

Hoje questiono muito a forma linear que pensamos em nossas carreiras, onde o sucesso é atingido quando chegamos “lá”. Como se nossa evolução profissional fosse linear, como começo, meio e fim, algo que hoje acredito ser extremamente equivocado.
Me parece uma fórmula criada a muito tempo atrás e talvez herdada de outros mercados para o mercado de tecnologia, que está muito e/ou totalmente ligada à salário e responsabilidades.
Quando a linearidade é “quebrada” praticamente representa um fracasso, eu mesmo em conversas com amigos comentei sobre minha vontade em “voltar a atuar como desenvolvedor”, no fundo senti que estava regredindo, é quase como repetir de ano, só que por livre e espontânea vontade.
Essa linearidade é tão relativa, pois a progressão ou seja “dar o próximo passo” não depende unicamente da pessoa em si, entendo e concordo que o esforço depende somente da pessoa, porém, depende também de uma série de outros fatores como: contexto da empresa e da pessoa, alinhamento de expectativas, para alguns uma boa nota em um ciclo de avaliação, aprovação financeira, entre outras. Cada empresa tem seu processo de promoção e sei que é pensado para acontecer da forma mais justa.
Não só os fatores externos a pessoa influenciam na sua progressão, como também o significado de cada nível para cada empresa. É muito comum uma pessoa em uma cadeira de senior ser qualificada como pleno em outra lugar, o contrário também é bem comum.
Eu mesmo em minha trajetória, acabei buscando minhas “promoções” em outras empresas, pois por muitas vezes quando questionava minha gestão sobre “o que falta para eu ser sénior” a resposta sempre seguia a mesma linha “você ainda não está preparado”.

O esforço em chegar lá

Vejo pessoas que trabalham com tecnologia, independente de sua posição ou área, são muito ambiciosas e gostam de desafios.
Logo estudamos com afinco, exercitamos nossa resiliência, criatividade em resolver problemas, nossa paciência em situações de desconforto, nos questionando todos os dias como podemos ser melhor e por muita vezes nesse trajeto acreditamos que somos impostores, mas continuamos resilientes para dar o próximo passo.
Hoje me questiono sobre o modelo que usamos para nortear nossa carreira, pois em conversas recentes com amigos, algumas palavras se tornaram bem recorrentes e praticamente normalizadas: estresse e burnout.
Sintomas que são recorrentes no mercado de tecnologia, porém pouco se fala abertamente sobre, apesar de o burnout agora ser qualificado como uma doença ocupacional, ainda não sabemos lidar com ela de forma preventiva, apenas de forma emergencial.
Vejo amigos e colegas, eu inclusive, sofrendo em silêncio sobre o tema, remediando o problema com alguns dias de folga, trocando de emprego e terapia para conseguir ser resiliente e dar o próximo passo.

Reflexão

Trabalho no mercado de tecnologia há pouco mais de 12 anos (data do post), e vejo que muitas coisas se repetem, frameworks vem e vão, metodologias mudam, algumas posições deixam de existir e outras emergem e etc.
A tecnologia e seu poder mudam e mudam muito rápido, isso não é novidade para ninguém, isso impacta como pensamos, como trabalhamos e como vivemos, porém o jeito que lidamos com nossa carreira/evolução parece estar parado no tempo.
Não somos nosso trabalho, pelo menos é assim que penso, somos pessoas e cada um com seu contexto, necessidades e ambições únicas.
Estou curioso sobre o tema, pensando quais seriam outros jeitos de pensar em nossas carreiras, em nossa ocupação, por meios que sejam saudáveis, justos e principalmente divertido, como diria um grande amigo, a vida é boa.

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